quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um planeta sem misericordia

E isso? Sem misericórdia? E sim, pois um planeta que tem guerras de montão tem órfãos e miseráveis, pratica a tortura física e mental em larga escala, tem religiões e templos em uma escala 100 vezes superior a hospitais e centros de saúde, escolas e proteção publica, é um planeta sem misericórdia degenerando e desrespeitando o direito primário a vida, as fabricas de armas e equipamentos bélicos são junto com o militarismo, a síntese dos “cavaleiros do apocalipse” onde a misericórdia é uma palavra desconhecida, mas o massacre e a morte brilha nos olhos sem vida de seus adeptos.
Somos habitantes de um planeta que já foi lindo ate nós destruir a Natureza com nossa loucura gananciosa e perversa, leiloamos nossa liberdade e prostituimos nossos princípios, alem de cuspir na nossa honra deturpadoa matando nossos semelhantes, ou confinando milhares em campos de concentração dizendo serem de refugiados e os tratamos sem a mínima misericórdia que dispensamos a os animais,
Um repórter diz o seguinte: Sou culpado pela matança por publicar e dar crédito às fotos de crianças palestinas soterradas, mutiladas, queimadas com as bombas, obuses de tanques e mísseis. Afinal, se estavam junto aos pais e parentes, simpatizantes, vizinhos, aliados, adversários ou combatentes do Hamas, tornaram-se automaticamente minhas inimigas por tentarem melifluamente me manipular contra a pacífica - e orientada para a auto-defesa - ocupação israelense. Afinal, como disse o Prêmio Nobel da Paz (que vergonha) Shimon Peres, elas lá só morrem mais porque seus pais não cuidam delas tão bem como em Israel. Sou culpado por compreender e aceitar que a sociedade árabe seja diferente da ocidental. Nem melhor, nem pior, apenas diferente - e que tem direitos sobre a herança espiritual de Jerusalém tanto quanto todas as outras. Assim, a coesão secular de pais e filhos palestinos deixa de ser fruto puramente do fanatismo e da lavagem cerebral do Hamas para ser uma perigosa aceitação das diferenças culturais como algo que pode ensinar em vez de destruir. Entre os mais de mil mortos do lado palestino na invasão há famílias inteiras soterradas quando buscavam abrigo das bombas em um território bloqueado por terra, mar e ar. Quem mandou quererem crescer naquele pedaço de terra hoje banhado de sangue? Sou culpado por considerar que fanático não é apenas aquele que busca o martírio (seu e de outros que estão perto). Mas também é aquele que reza, devidamente paramentado e contrito, ao lado dos mortíferos caças, helicópteros, tanques Merkava, para purificado e absolvido lançar seus obuses indiscriminadamente do outro lado da fronteira. É crime levantar questões de consciência, moral, humanidade, no momento em que esse soldado dispara suas bombas abençoadas sobre os depósitos de comida do Comitê de Refugiados das Nações Unidas, que matam a fome do inimigo, ou sobre os escritórios da Reuters e da Associated Press, que insistem em querer mostrar a versão distorcida e influenciada da batalha vital para a sobrevivência desse país pequeno, frágil e cercado de inimigos por todos os lados que é Israel. Só pode haver uma versão para essa história. Sou culpado por ter prestado atenção demais nas imagens que as televisões mostraram da ofensiva de autodefesa israelense sobre o temível exército do Hamas e seus foguetes de assustadora imprecisão. Por causa disso, pude perceber que a aviação estava usando munição de fósforo branco proibida pelas leis internacionais. Graças a esse interesse expus a utilização de cargas de fragmentação e, assim como outros jornalistas cedi ao instinto profissional e identifiquei junto a peritos que se tratava de uma munição que incinera uma área razoável, impondo queimaduras lancinantes que corroem a carne dos terroristas, tenham eles oito ou oitenta anos. Ao denunciar que o emprego dessa munição sobre população civil é um ato de selvageria, barbárie e covardia sem precedentes, estimulei o inimigo a continuar a luta em vez de conceder a derrota. E esqueci que a vitória nubla muitos desvios, afinal, os aliados incineraram 400 mil alemães em Dresden numa noite com bombas que penetravam nos escombros antes de deflagrar suas labaredas e ninguém acabou em Nurenberg.Sou culpado por denunciar que acima de tudo, no fundo, por trás de uma brutal, selvagem e imoral ofensiva militar, emerge cada vez mais a tentativa sistemática, planejada e executada de eliminação a longo prazo de toda uma população, reduzindo a pó e escombros seu ambiente social, cultural e econômico, sem falar na mimetização de todos os seus costumes em uma maligna contrafação da civilização confinada em muros de concreto e cínica intolerância (onde será que já li sobre isso antes? Alemanha? Armênia? Ruanda? A memória me trai, é outro crime). Resistir à ocupação dos territórios árabes sempre foi considerado um ato legítimo para outros povos, mas a minha insistência em expor a captura da consciência do Estado de Israel pelo seu aparato militar abriu caminho para que o inimigo se legitimasse historicamente perante todas as nações como um arauto da resistência. E se igualasse aos que, em nome da luta contra a ocupação britânica na Palestina, explodiram legitimamente o Hotel King David, em Jerusalém, matando 85 pessoas. Todos inimigos, é claro. Sendo assim, diante de tantos crimes, só me resta aguardar ter a casa reduzida a escombros em um ataque de autodefesa, ou me deixar reduzir a cinzas pelas bombas de fósforo branco que neutralizarão minha existência. Mas jamais renegarei a minha disposição de continuar falando o que penso. E denunciando esse horror. Essa é a distância que me separa do soldado que reza sobre o tanque antes de atirar em crianças que aprendeu a ver como inimigas.
Em ocasiões anteriores, o epíteto do anti-semitismo sempre apareceu. Agora, diante do enorme cogumelo da explosão que assisti ontem no noticiário sobre o massacre em Gaza, quando o horror internacional isola o governo israelense em um cerco de repulsa jamais visto - e o que é pior, deslegitima os argumentos contra o Hamas - voltou a aparecer. Mas é a velha manobra repetida: anti-semita é todo aquele que refuta a religião judaica. Chamar quem critica as ações do Estado de Israel de anti-semita é uma manobra sutil da direita israelense para vincular tais críticas a uma posição religiosa. Ao fazer isso, quem é contra as ações de um Estado (não a religião de seu povo) é associado a uma atividade moralmente questionável e passa a ter a sua opinião desqualificada. Como bem diz um escritor israelense - que é contra as brutalidades que vem sendo praticadas contra a população civil palestina - Israel não é um Estado que tem um exército, mas um exército que tem o SEU Estado. A ofensiva sobre Gaza continua, feroz como nunca, brutalmente descompensada, um morticínio puro e simples. Capturei uma declaração de um oficial, recuperada em uma reportagem sobre as táticas da IDF quando em território palestino ocupado. Disse o major-general Gadi Eisenkot ao jornal de Israel "Yedioth Ahronoth", antes de as bombas e tanques começarem o sistemático e planejado trabalho de aniquilação estrutural da alma nacional na região: "usaremos o poder desproporcional contra cada vila de onde disparos sejam feitos contra Israel e causaremos imensos danos e destruição. Em nossa perspectiva, essas vilas são bases militares. Não é uma sugestão, mas um plano que já foi autorizado". Assim, chegamos à primeira conclusão: nunca houve preocupação em proteger a população palestina "aterrorizada pelo Hamas" dos danos colaterais causados pelos obuses de tanques e bombas. Não importou e não importa se os mortos tem cinco ou 30 anos, todos são inimigos em potencial do Estado judeu; os adultos por sua provável vinculação combatente ao Hamas e os pequenos pela possibilidade quase certa de que isso no futuro venha a ocorrer. Em bom português, "cortar o mal pela raiz".
Vocês acham que tem Misericórdia dos que se chamam “o povo de deus”?
Pensem nisso e vejam como pode ser nosso futuro e o de nossos descendentes.

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